Celulares chineses com preços mais baixos atraem consumidor
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
Além de preços menores, os smartphones chineses têm características parecidas com as de marcas consagradas

Mais da metade dos smartphones em circulação no mundo são de marcas chinesas. No Brasil, o índice é inferior a 20%, mas os números são crescentes. Uma das razões para a maior procura dos produtos do país da Muralha é o preço dos aparelhos de marcas consagradas. Na sexta-feira 1o, começou no mercado brasileiro a pré-venda do iPhone X, a novidade de fim de ano da Apple. Em lojas como Fast Shop, Submarino, Extra, Americanas e Casas Bahia, os valores médios são de R$ 7 mil pela versão com 64 GB e R$ 7,8 mil pela de 256 GB, cifras que criam um patamar inédito de preços.
Basta dar uma espiada em sites como Ali Express e Gearbest para entender o fenômeno da invasão dos celulares chineses. O aparelho V7+, da marca Vivo (não confundir com a operadora de telefonia), tem configurações parecidas com o modelo mais simples do Iphone X, como tela full HD de 6 polegadas e 64 GB de memória para armazenamento. No site Gearbest, o preço sugerido é em torno de R$ 1,3 mil. O comprador paga ainda o imposto estipulado pela Receita Federal, fixado em 60% sobre o valor do produto e a ser pago em dinheiro na agência dos Correios onde for feita a entrega pela loja virtual. No final, o celular chinês custa algo como R$ 2 mil.
“Essas comparações nem sempre são justas”, diz Eduardo Tancinsky, consultor especializado em marcas e tecnologia. “Ainda não é possível comparar a qualidade de um celular chinês com um equivalente das fabricantes mais tradicionais.” Também entra nessa conta, diz ele, o fetiche que grifes como Apple ainda despertam, embora a aura mitológica da empresa tenha diminuído depois da morte de Steve Jobs. “Nós nascemos para conquistar o mundo”, disse em um evento recente Lei Jun, fundador e presidente da Xiaomi. Jun é um imitador de Jobs. Ao lançar um produto, promove as mesmas apresentações barulhentas do criador da Apple e gosta de fazer o estilo descolado.
Se o mercado brasileiro é crescente, por que os fabricantes da China não se estabelecem de vez por aqui? Fazer isso resultaria em mudar a estratégia de negócios dos chineses, que consiste em conceber o projeto e produzi-lo no próprio país. Além disso, muitos fabricantes já tiveram dificuldades no mercado brasileiro, o que fez com que gigantes como a Xiaomi segurassem seus investimentos previstos para o Brasil.
O especialista Tancinsky lembra que há uma ironia na resistência das pessoas em comprar um smartphone chinês. Hoje em dia, diz ele, praticamente todos os celulares à venda no Brasil são fabricados na China ou têm seus principais componentes produzidos por lá. Apple, Samsung, Motorola e LG, para citar os líderes de mercado, precisam das fábricas chinesas para atender à demanda global.
A China vive uma era de ouro na tecnologia, fenômeno que já está sendo chamado de “chinese dream” (sonho chinês). Nenhum país do mundo investe tanto em pesquisa e desenvolvimento. São US$ 200 bilhões por ano, dez vezes mais do que há uma década. Também nenhuma nação avança tanto nos rankings globais de inovação. Recentemente, o Partido Comunista chinês lançou um desafio: fazer do país líder global em inteligência artificial até 2030. É bom não duvidar.
Os mais procurados
Modelo: Mi 6
Fabricante: Xiaomi
Características: Tela Full HD de 5,1 polegadas, câmera de 12 megapixels e 64 GB de memória
Preço médio: R$ 1, 6 mil
Modelo: OnePlus 5
Fabricante: OnePlus
Características: Tela Full HD de 5,5 polegadas, câmera de 16 megapixels e 128 GB de memória
Preço médio: R$ 2 mil http://www.correiobraziliense.com.br